Expedição Aurora Boreal Islândia – 2012, Parte 3
Aurora Boreal: Quarta Expedição – Viagem para Islândia. Geleiras, vulcões e atolada.
Parte 3
Depois da experiência de passar a noite no carro, com uma temperatura muito baixa e ventos fortes, fiquei mais receoso em permanecer muito tempo no Norte da ilha. Pensei até em retornar, a quantidade de carros que cruzei foi muito pequena e entraria na região mais inóspita da Islândia. Confesso que não tenho muita lembrança dessa região e o dia passou muito rápido.
Minha vontade era chegar até Jokursarlon, o famoso lago dos Icebergs. A longa jornada foi marcada pelas lembranças das viagens que fiz com meu avô. As frequentes até as Cataratas de Foz do Iguaçu eram minhas prediletas, minha avó fazia frango com farofa, colocávamos no carro e partiu!! Tive a felicidade de ver dezenas de vezes as Cataratas e seus recordes de vazão. Vi seca e inundada. Lembrei das viagens até São Chico e a ultima que fizemos juntos.
Avós são uma benção! Avós são eternos porque deles vem as raízes da nossa vida, dos pais os troncos e nós somos os frutos… até que caímos e viramos semente, troncos e raízes… E o ciclo continua.
No caminho até Jokurlarson passei por uma vila de pescadores, encontrei Trolls escondidos, até chegar no lugar encantado. Jokurlarson me fez parar no tempo como poucas vezes aconteceu comigo. Fiquei horas sentado olhando aquilo tudo, potencializado pela emoção da noite anterior… Chorei olhando aqueles imensos pedaços de gelo se desprendendo e boiando, calculando a distancia, fazendo a conta de quanto tempo depois de ver o pedaço caindo eu estava, o barulho e o tempo passou.
Não queria ir embora daquele lugar, eu estava completamente leve, feliz por estar sozinho e com o coração cheio de lembranças das pessoas que amo.
Achei um local pra dormir e no outro dia retornei ao Jokursarlon, fiz o passeio com um bote inflável até perto da parede da geleira e tenho certeza que nessas noites a Aurora Boreal não veio para que eu pudesse retornar até esse lugar mágico.
Tinha mais 3 noites na Islândia, decidi ir até Reykjavik e fazer base lá. Assim, poderia ficar mais descansado e rodar pela região. O Gold Ring era o objetivo, ver os vulcoes, os Gleisers , a junção da placa tectônica America e Europa, as lindas cachoeiras FOSS e, é claro, os milhares de TROLLS que existem pelo caminho.
Foram 3 dias muito divertidos, fotografei as lindas igrejas, as cachoeiras e tentei encontrar os PUFFINS… Aí vem a parte mais divertida da viagem: ATOLEI O CARRO.
Em uma das saídas da estrada principal em direção a costa, entrei em uma estradinha de cascalho… de repente uma descida e… FERROU!! Quando embiquei já senti a burrada.
Não deu outra, ATOLEI FEIO. Desci do carro, verifiquei possibilidades, tentei abrir buraco e nada.
Começou a esfriar e anoitecer, peguei minha mochila com documentos e liguei para o servico SOS 112 e…
– Como vou contar aonde estou e o que aconteceu?
Um atendente muito calmo atendeu e eu já lancei um:
– Quebrei o carro, me ajude.
No meu inglês macarrônico kkkkk
Fui conversando com ele, disse que estava vendo a estrada principal e que iria andando em direção a ela. Que tinha comida e agasalho para passar a noite, desligaria o telefone e aguardaria os 30 minutos que ele me deu como prazo, caso contrario ligaria novamente.
Ate hoje não sei como falei isso em inglês… ou foi em Islândes? rsrss
Não deu 20 minutos uma camionete enorme parecendo um OVNI chegou, super equipada, pneus enormes e dois atendentes muito engraçados e prestativos. Amarraram meu carrinho e rebocaram ladeira acima. Foi mais uma experiencia interessante. Quando a água bate na bunda tem que arregaçar as mangas e não perder tempo.
Depois fui descobrir que a palavra que eu achava que era a localidade e que eu dizia aonde estava era uma referencia geográfica que existia em toda a Islândia, um tipo de formação rochosa.
Dei minhas risadas sozinho, agradeci mais uma vez ao anjo da guarda… E parti atrás da Aurora.
Peguei a 35 para Gullfoss, era a melhor oportunidade de tempo aberto, passei a cascata e entrei na estrada que não tem manutenção do governo. Ela estava limpa e com velocidade baixa fui em direção ao topo da montanha. A temperatura foi caindo mais e mais… Parei para estudar os gráficos e nesse momento percebi uma pequena Aurora, muito suja em razão das nuvens e sem força.
Parece que a minha sorte foi gasta na hora do resgate. Por alguns instantes fiz reflexões sobre os últimos acontecimentos e me dei por satisfeito, a viagem foi sensacional e se terminasse ali mesmo já teria valido muito. Então entrei em modo STAND BY e aproveitei as ultimas 48 horas da viagem em fotos com animais, paisagens mais tranquilas e crianças.
A Islândia é uma terra incrível, fascinante e aguça seus sentidos. Um país que voltarei com toda certeza nessa minha caminhada atras da Dama da Noite.