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Aurora Boreal na Lapônia: O momento de se curvar às forças da natureza

24 abr 2017 Aurora Boreal, Caçadas, Destinos, Groenlândia, Noruega 0 COMENTÁRIOS

Essa caçada à Aurora Boreal na Lapônia foi movida por decisões certas

Eu adoro  ver a aurora boreal na Lapônia em janeiro, fevereiro, março, abril, agosto e setembro…até janeiro novamente! Afinal eu amo as auroras, a cultura do Ártico e o clima. Começo do ano de 2017, na segunda semana do ano e já era a minha segunda viagem para a Noruega. A noite polar estava terminando e por alguns minutos os raios de sol iluminavam as incríveis paisagens cheias de neve.

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Nossa expedição para ver Aurora Boreal na Lapônia iniciou em Tromso com o céu que nessa nessa época é mais um espetáculo da natureza. Quando esfria e fica sem nuvens então, parece que as estrelas estão tão próximas que podemos tocá-las e as a犀利士
uroras vão engolir a gente. Mas nem sempre o tempo está perfeito…

As previsões eram as piores possíveis, tempo quente, nublado, black ice, avalanches e tudo o que atrapalha a caçada de aurora boreal. Quando estou iniciando uma expedição preciso der uma visão periférica das coisas, afinal estamos com várias pessoas sob nossa tutela. Nós temos responsabilidade e precisamos seguir as regras, ficar atentos ao clima, tempo, estradas e muitas outras questões.

O primeiro dia era o único em que as previsões davam céu limpo! Para os demais dias da expedição, a previsão estava terrível e com ventos de mais de 15m/s. E a previsão acertou! Acordamos com um dia maravilhoso depois de 20 dias nublados na região. Isso quer dizer que as baleias estariam muito ativas. Reuni o grupo e fizemos um plano para que pudéssemos ver as baleias e caçar aurora boreal naquela mesma noite.

As consequências disso em termos de logística e normas de segurança seriam um desafio pra mim. Mas eu não poderia perder aquela noite. Minha intuição estava aguçada e teria que ser aquela noite.

O passeio para ver as baleias e as orcas começou com o dia muito claro. Nessa época com poucas horas de iluminação natural dificultam nossos passeios diurnos mas não poderia deixar de mostrar isso aos meus queridos novos caçadores, mesmo que não estivesse no nosso roteiro inicial. 😁

Partimos para dentro dos fjordes e o resultado foi esse, incríveis avistamentos!

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Baleias são frequentemente vistas nos fjordes da Noruega.
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Para enfrentar os ventos dos fjords, roupas especiais e muita disposição para ver as orcas e as humpback.

O passeio foi fabuloso, todos gostaram e agora minha preocupação estava voltada à caçada. Precisava desenhar o nosso roteiro para que tivéssemos a maior chance de ver as Luzes do Norte, pelo maior tempo possível e com segurança total para ir e voltar.

Junto com nosso pessoal de TI, desenvolvemos uma rotina para que a  série de gráficos e dados venha até mim de maneira que eu vá eliminando informações desnecessárias para o tipo de caçada que farei a noite. Isso me dá planos A B C D e faço uma previsão do que teremos pela frente. É uma mistura de dados, intuição, instinto…e por fim a razão. Por mais apaixonado que eu seja pelas luzes sei que é necessário ir e voltar com segurança.

Aquela noite precisaria ser muito longa…seria cansativa e desenhei o roteiro com muitas horas de possibilidades. Partimos.

Estrada ao Norte, 2 trajetos de ferry somente na ida (pois na volta não teria mais esse serviço em razão do horário), 400 km e aproximadamente 8 horas de caçada.

Imaginei que quando cruzássemos o segundo fjord já poderíamos ver ela a olho nú da própria embarcação.  Todos prontos para a saída, a noite seria longa mas era a nossa melhor chance nos próximos dias.

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O sino da embarcação que nos levou ver as baleias e o crepúsculo polar de janeiro.

Seguimos pelas estradas congeladas. Nossa primeira parada seria aguardar a chegada do ferry para atravessar o primeiro fjord. Chegamos ao pier de embarque sem nenhum outro carro esperando e um vento forte. Tínhamos 30 minutos até a chegada do ferry e quem viajou comigo sabe que não consigo ficar parado…rsrsrsr. Já tinha visto várias vezes a aurora boreal naquela região e sei que ali perto existe o campo de golfe que mais ao Norte do mundo e decidi passar esse tempo de “sobra” nesse lugar.

Estava bastante escuro e onde estávamos era impossível ver as luzes naquela hora, pois estávamos encaixados em posição desfavorável. Indo até o campo, teríamos mais amplitude.

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Primeira foto em grupo da expedição Aurora Boreal na Lapônia, 2017.

Quando chegamos perto do campo eu desci do veículo e já percebi o brilho da aurora boreal no horizonte.

Não era nada extraordinário, ela estava muito fraca mas poderíamos tirar algumas fotos rapidamente para voltar a tempo de pegar o ferry. Fiquei tranquilo em relação às próximas horas, afinal já tinha encontrado o rastro dela. 🙂

Um detalhe técnico: poderíamos ter ficado nesse mesmo lugar sem ir mais ao Norte? Sim, mas a previsão era de que não teríamos teto horas depois e essa era a chance de mostrar a aurora boreal de várias maneiras naquela noite. Além de que eu estava muito preocupado com os próximos dias.

Depois de uma curta parada, algumas fotos e uma amostra de aurora boreal, retornamos ao roteiro inicial e pegamos o primeiro ferry. Subimos até a área reservada aos passageiros e quando percebemos já tínhamos chego do outro lado do fjord. Entramos no nosso veículo novamente e partimos para a outra travessia novamente até a área reservada. O pessoal se preparou para comer algum lanche no ferry e fiquei conversando com um caçador espanhol que eu conhecia…como um raio a Regina entrou no compartimento gritando:

“estamos fotografando a aurora boreal, ela está enorme UUUUUUHHHH”

Todos saímos para o convés!

Tenho sempre como meta mostrar inicialmente a aurora boreal a olho nú para quem participa das minhas expedições. Recebo histórias com muitos casos de pessoas que viajaram para ver a aurora e voltaram decepcionados por não verem ou por verem apenas pequenos spots. Issonunca aconteceu com meus viajantes, pois essa também é a razão pela qual não sossego até conseguir mostrar a aurora boreal esplêndida! E A natureza tem me ajudado.

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Foto do pessoal no convés do ferry, já era a segunda aurora boreal da noite 🙂

Não recomendo as caçadas nas embarcações, pois nesse caso não controlamos o percurso e as fotografias perdem qualidade.

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Aurora boreal dá sua graça na Lapônia durante a travessia do fjord.

Os novos caçadores já estavam felicíssimos! Primeira noite e já tínhamos visto uma aurora linda a olho nú, ela dançou no horizonte, depois acima das nossas cabeças, foi … voltou … FOI LINDO.

Eu não estava satisfeito, sabia o que poderia vir pela frente, continuei com o plano inicial e muitos kms a frente tínhamos que viajar. Minha preocupação era com o retorno, a estrada estava muito congelada mas a temperatura havia aumentado e ela ficou bastante lisa. Dias atrás em uma expedição em que estava somente minha caçadora de aurora preferida (minha namorada) eu, fizemos 4000 km em condições muito adversas (clique aqui e veja o post da viagem). Tenho experiência e capacidade de dirigir na neve mas quando estamos em grupos é obrigatório que um motorista local dirija. O não cumprimento dessa lei pode acarretar consequências desagradáveis.

Coloquei um tempo limite e também uma kilometragem para que pudéssemos voltar com tranquilidade e segurança para Tromsø. Alguns kms antes desse limite confabulei com meu anjo da guarda Thommy, que depois de tantas expedições já virou meu irmão norueguês. Decidimos interromper a ida e começar o retorno, assim teríamos vantagens no retorno.

Iniciamos a volta e pouco km depois ela apareceu novamente num local de difícil acesso aos carros e sem lugar para pararmos em segurança… fiquei ansioso mas em nenhuma das oportunidades em que tínhamos ela bem visível, era seguro parar e por isso desistimos de parar naquela região. Tocamos direto a um local que gosto muito em frente a uma enorme montanha e um fjord estreito. Ali não teríamos a posição ideal, mas era muito seguro.

 

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As luzes do Norte e as luzes dos caminhões passando ao lado do estacionamento.

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Chegou ao fim nossa primeira caçada nessa expedição: uma chance e um “tiro”certeiro”! Voltei tranquilo e com todos já satisfeitos em conseguir ver a aurora boreal na Lapônia a olho nú.

Na manhã seguinte nos preparemos para pegar estrada em direção a divisa dos 3 países, nosso destino era um hotel de charme, a pouco kilometros da tríplice fronteira (Suécia, Finlândia e Noruega). O tempo para lá estava péssimo! Havia no arquipélago de Lofoten avisos de ventos fortes e em Senja ventos e inundações.

Mas calma, tenho um checklist bastante interessante com todas as previsões e dados que preciso seguir para garantir segurança. Como um piloto quando entra na aeronave eu antes de iniciar a caçada tenho as informações que possa vir a precisar. Meus amigos motoristas locais também fazem a  parte deles e checamos juntos para ter um double check. Como tínhamos ficado até muito tarde no dia anterior, iríamos sair um pouco mais tarde já que com tempo totalmente nublado durante 400 km não poderíamos sair a noite para buscar as luzes.

Nosso local de descanso é um charmoso hotel, que foi usado pela família real norueguesa para refúgio durante a segunda guerra. Histórias, lendas , charme e uma comida espetacular servida em meio aos riquíssimos móveis antigos que trazem a atmosfera do século passado…tenho muito carinho por esse lugar..

Os avisos de alerta aumentaram e enquanto eu checava com meus amigos da região, Thommy, nosso anjo da guarda, fazia também suas pesquisas. Sentamos para conversar e minha ideia foi a mesma que a dele. Não era seguro continuar com a viagem do roteiro inicial: prevíamos 2 noites em Senja e uma mistura de chuva e neve com ventos fortes deixaria a viagem mais tensa e o grupo não aproveitaria 2 noites.

Depois de uma noite longa acertando detalhes deixamos de lado as noites em Senja e mudamos o roteiro.

Trabalhoso, estressante e prudente. Foi bastante tenso organizar tudo, perderíamos as noites em Senja e teríamos que encontrar um local seguro e confortável para todo o grupo. Como sempre digo, levo o grupo como se estivesse levando minha família e levar o grupo para lá não seria produtivo muito menos responsável.

Antes de partir em direção à Finlândia, vamos ver nossos amigos…

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Redesenhado o roteiro teríamos 4 noites e queria sair as 4 para caçar Aurora!

Conseguimos lindas auroras em todas as noites restantes.

Mais um vez foi incrível nossa expedição, nossa decisão em não levar o grupo até Senja foi correta. Sempre a segurança em primeiro lugar!

Obrigado a esse grupo que foi sensacional, soube entender nossa decisão e foi recompensado por lindas luzes.

Seguem as fotos dos dias seguintes, aqui neste outro post você encontra alguns vídeos incríveis.

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Marco Brotto caçador de Aurora Boreal
MARCO BROTTO
Marco Brotto tornou-se conhecido como o caçador brasileiro de Aurora Boreal. Já viu centenas de spots de Aurora Boreal em vários locais do mundo, proporciona experiências incríveis para aqueles que o acompanham e possui um espetacular acervo de fotos de auroras.
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