Expedição Aurora Boreal Ilhas Faroe – Abril, 2015
Ilhas Faroe, um paraíso natural e uma Aurora surpreendente.
Embora já tenha percorrido o Ártico afora caçando aurora boreal… a Groenlândia parece escorrer pelos meus dedos, mas esse ano dará certo. (“A vida é o que acontece enquanto fazemos outros planos.”)
O fato de eu ser reconhecido como caçador de aurora boreal se deve, e muito, à experiência que conquistei ao longo das dezenas de expedições, mas tem uma infinidade de pesquisa e compartilhamento de informações envolvidos.
A pesquisa compreende desde o fenômeno até troca de informações com amigos do mundo todo, incluindo contato com físicos e astrônomos – especialistas nos assuntos relevantes para que se possa caçar aurora boreal, tais como tamanho e complexidade das manchas,velocidade das CME, temperatura e inclinação de contato com o campo magnético e etc; meu conhecimento vai até saber interpretar e não construir um gráfico.
O compartilhamento inclui desde uma simples dúvida de vocês que me acompanham, já que posto tudo o que possa estar envolvido com as viagens programadas ou com as histórias das viagens realizadas. (… já dizia Cora Coralina: “feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”).
Fato é que estou sempre em busca de tudo o que possa ser crucial para se caçar aurora boreal para, de algum modo, também corresponder a expectativa das pessoas que viajam comigo e aos leitores do blog.
Esqueci apenas de acertar com a Groenlândia a recompensa por toda a pesquisa e compartilhamento… e pode ser que você esteja se perguntando: a. como uma autoridade no assunto conseguiu não chegar ao destino planejado? Ou se esse texto é sobre a Groenlândia ou Ilhas Faroe.
Considerando que a primeira pergunta por si só dá margem a um post só pra ela,… que talvez ainda não a tenha respondido com convicção nem para mim mesmo… que essa coisa de brigar com o tempo e o destino já deixei de lado (esse ano estarei na Groenlândia…) – vou responder a segunda pergunta: ambos. O texto é sobre como não ter ido para a Groenlândia pode me proporcionar ir para as Ilhas Faroe.
Em abril de 2015, dias antes do embarque que me levaria à Groenlândia, precisei alterar o destino para “não perder a viagem”.
E nada como “não perder a viagem” aproveitando a oportunidade para caçar aurora boreal em lugares fora do eixo. Um desafio alias eu sou caçador de aurora boreal verdadeiramente. É o tipo de viagem que me conquista: sozinho, descobrindo o que é, onde é, como é, onde tem… para depois levar comigo quem estiver disposto a embarcar comigo na proxima expedição (“como uma segunda pele, um calo, uma casca, uma capsula protetora… eu quero chegar antes”). Já fiz isso em todos os países e lugares que tenho ido como coach. (…E não são poucos: Rússia,por toda Finlândia e Noruega, Suécia, Dinamarca, Islândia, Estados Unidos, Canadá e Groenlândia – ops! Groenlândia não foi dessa vez.)
Destino: Ilhas Faroe
Saí de Milano com destino a Vagar com conexão em Copenhague num voo que era o prenúncio do que ainda haveria de vir: passamos por Berger, na Noruega – local reconhecido por possuir os mais belos fiordes da Escandinávia.
Para quem ainda não conhece, o arquipélago das Ilhas Faroe é composto por 18 ilhas distribuídas entre Islândia e Escócia, com uma população de aproximadamente 40 mil habitantes de descendência Viking e Celtas , vindos da Dinamarca e Noruega ou Escócia.
Apesar de ser um local de difícil acesso, não estar no círculo polar e no qual a possibilidade de ver aurora boreal seja menor, lá estava eu: vontade e determinação em pessoa. Ah serio? Quem viajou comigo dirá que é mentira srsrsrssr.
A aterrissagem, rodeado de um Oceano Atlântico sem fim, foi de deixar qualquer viajante boquiaberto. Mesmo um habituado a viagens surpreendentes.
A aventura começou nas Ilhas Faroe
Cheguei enfim no Aeroporto de Vagar, Sørvágur (FAE).
Tinha a localização do local pra pegar o carro fora do aeroporto pois combinei isso com o pessoal da locadora,sai do prédio de desembarque e andei andei atras do meu companheiro dos proximos dias, sabia a marca, cor e placa e não achava o carro.Tambem combinado era que a chave estaria no porta luvas, não estranhe estamos no primeiro mundo.Passados 30 minutos … Não achei o carro e a chuva fina me incomodava. E as malas tambem.
-Que M…. bem grande vim fazer aqui?
Esfriou, escureceu, larguei as malas no meio da rua e fui na direção de um prédio que parecia um hotel , o meu locador tinha mencionado algo sobre um hotel. BINGO, lá estava meu bólido , estacionado, chave no porta luvas e a minha alegria de ter achado.
Quando você chega em um pais habitado por 40000 pessoas , imagina que não encontrará muitas pelo caminho , vagando por ai… ACERTOU .
Como sempre faço , procuro um supermercado , estava na única estrada que vai do aeroporto para a capital. Achei e parei no supermercado e perguntei aonde era o Guesthouse( ninguem sabia , nem conheciam a rua) .
-Que M… bem grande vim fazer aqui?
Sai do mercado a procura da minha cama quente, entrei no carro e … bateria arriou. Carro automático kkkkkk
-Que M…. gigante vim fazer aqui? Quem vai me ajudar agora?
Parou um senhor, pedi ajuda , ele me disse que precisava comprar algumas coisas antes do mercado fechar e me ajudaria.
Meu amigo Faroense fez uma ligação entre as baterias dos carros , ligou pro fone do guesthouse , e com a maior simpatia e boa vontade me levou até o local, Abriu a porta e me deixou dentro do quarto , ele tambem fez o favor de me recepcionar na Guesthouse já não teria ninguém cuidando da casa, meu quarto estaria aberto. kkkk Sim estamos na Escandinávia mesmo. Povo é muito educado, prestativo e em paz.
O local é uma graça, todo arrumado e na exploração da casa descobri muitas coisas legais dos habitantes de lá. Fiquei algum tempo observando os pequenos detalhes da casa, imaginando como seria a vida do dono da casa e dezenas de situações que poderiam ter acontecido naquela casa. Quantas alegrias, dores, acontecimentos … etc etc . Eu faço muito isso , penso na rotina das pessoas que moram nos locais em que estou viajando.
Voltei ao meu quartinho, já me conectei, coloquei os equipamentos pra carregar e horas depois sai para a primeira noite de caçada. Sempre que estou em um lugar desconhecido fico meio receoso nas primeiras horas, cada lugar tem suas características de direção , horário e algumas estradas da ilha são mão dupla porem somente uma pista, isso mesmo, inclusive diversos tuneis. O momento do encontro dos veiculos nos tuneis é tenso e alguns tuneis são bem baixos e longos. MAIS ADRENALINA.
As estradas são muito bem construidas e mantidas mas a largura delas estão aquém do que estamos acostumados, lembro que a quantidade de carros que cruzei nas estradas vicinais foi perto de zero e as “grandes estradas “são muito tranquilas.
Veja que legal o video explicativo de como dirigir nas ilhas, é bem isso, engraçado…
Durante a semana que estive nas ilhas Faroe senti muita segurança e liberdade, as noites foram muito parecidas. Sempre um risquinho de aurora foi possivel e alguns momentos de atividade mais robusta. Foi uma viagem sozinha e muito produtiva.
Fotos que fiz nessa viagem às Ilhas Faroe
Sobre a matança dos golfinhos em Ilhas Faroe:
Durante o verão os habitantes da região realizam as suas provisões para passar cerca de 8 meses em que o clima na ilha não possibilita a plantação , cultivo ou outra atividade que possibilite a obtenção de alimentos pelos habitantes da ilha. Em uma cerimônia chamada GRINDADRAP, conversei com antigos habitantes da região sobre isso. Um deles me disse, meu pai faleceu com 105 anos e o respeito que ele tinha pelos animais era algo enorme. Mas a unica maneira dele sobreviver e sustenta a família foi por intermédio da comida que ele conseguia durante o GRINDADRAP. Quem quiser saber mais sobre isso, vai um link sobre o assunto.