Expedição Aurora Boreal – Noruega, Finlândia, Suécia e Rússia, 2014
Quem acompanhou os posts anteriores deve ter percebido minha determinação em achar desafios nas expedições em busca da Aurora Boreal, buscar lugares incríveis, experiências locais, sair do roteiro turístico normal e voltar com momentos inesquecíveis. Sempre com muita segurança. E essa realmente foi uma viagem impressionante!
Depois de encerrar com muito sucesso a expedição de Setembro de 2014, resolvi repetir a viagem incrível que fiz com Motorhome em 2012, mas dessa vez queria ir até a Rússia também.
Uma companhia especial, em uma viagem inesquecível.
Nessa expedição, tive o prazer de ter a companhia de Eduardo Moreira, um sujeito sensacional, fotográfo de mão cheia e que me ensinou muito nesta viagem de aventura pela Noruega. A história de vida do Eduardo é emocionante e ele também tem um blog sobre suas andanças. Após um evento importante na sua vida, ele sonhava em ver a Aurora Boreal e no primeiro dia que nos encontramos já pudemos ver a Dama da Noite dançando freneticamente.
Na manhã seguinte saímos em direção ao Norte, mas quando temos um roteiro fixo a seguir é mais difícil prever quais lugares poderemos parar e fotografar a aurora boreal, então o negocio é ficar de olho na estrada e de olho nos gráficos.
Partiu Aurora: Saindo da Noruega
Saímos da Noruega, que tem duas estradas principais: E6 e E8. Em um determinado momento, elas são uma só. A E8 usamos para sair de Tromso em direção à Finlândia, e a E6 vai de Oslo até o Norte e depois segue até a divisa com a Rússia.
Eu gosto muito de viajar perseguindo as auroras boreais durante o final do Verão e início do Outono na região, afinal o frio é menor e temos menos precipitações. Isso, além das cores das paisagens que são lindas demais e o agravante de que com 10 horas de escuridão as chances de ter aurora são muito boas. Lembrando que estamos lidando com a mãe natureza, portanto nada é certo.
Como utilizo grande quantidade de informações para caçar aurora boreal em movimento (realmente indo atrás do melhor lugar e determinado a alcançar o objetivo), consigo manter o aproveitamento de 100% de visualização nas noites que saímos caçar. Quando as condições meteorológicas e de CME estão extremamente desfavoráveis, geralmente decido aguardar uma chance melhor de sair a campo. Mas isso só ocorreu em 4 dias, durante todas as minhas expedições.
Chegando na Rússia, várias surpresas nos aguardavam…
A viagem até a fronteira com a Rússia foi marcada por várias fotografias lindas e auroras em lugares incríveis. Contando com a ajuda do meu amigo Gunnar, conhecemos lugares inusitados, os quais normalmente só os moradores locais conhecem e visitam, e entramos realmente na cultura local.
Exemplo disso foi na Lapônia, em uma visita a um acampamento Suoni, onde tive a oportunidade de vivenciar experiências incríveis, como aprender a sentir onde está a aurora e qual é a sua intensidade com os olhos fechados, apenas pelo som que os animais emitem. É uma prática muito subjetiva e acreditem: os antigos lapões fazem isso desde criança apenas como diversão.
Outra oportunidade inesperada foi ver os lapões abatendo suas renas para guardar as carnes, peles e demais partes do animal. O respeito e conexão deles com esse animal é emocionante. Eles dizem que só estão lá e sobreviveram até hoje por causa das renas da Lapônia.
Até chegar á Nordkapp (“O Ponto mais Extremo da Europa”), nas pequenas vilas de pescadores, passamos por praias místicas, onde os trolls despertam por túneis com portões e túneis subterrâneos por baixo dos fjords.
Encontro inesperado com viajantes brasileiros? Teve também!
Tinha vontade de fotografar a Aurora Boreal com o símbolo de Nordkapp, que é uma peça de metal representando o ponto mais boreal da Europa continental. Fomos durante a noite até lá, o vento e a chuva estavam incrivelmente fortes! Mesmo estando a poucos metros do marco, não conseguia sequer avistá-lo! Procurava e não achava.
Finalmente me afastei um pouco do local que imaginava que o marco estivesse e dei de cara com o CURUMIM…. Um casal de amigos brasileiros que está viajando mundo afora! Nas minhas expedições já encontrei 3 casais realizando esse sonho. Fotografei o curumim e a aurora, mas a foto que eu queria teve que ficar pra próxima.
Fronteira: Rússia e Noruega
De Nordkapp, rumamos em direção à Rússia, sempre buscando as luzes do Norte. Na fronteira dos dois países conseguimos, mesmo que por poucos minutos, ver um pequeno spot de aurora. Porém, durante a noite, e com um pé em cada país, vimos uma pequena aurora faint. Tudo valeu à pena pois caçamos aurora na Rússia… e quero voltar à Sibéria extrema pra ver novamente por lá.
Sim, existe uma fronteira seca com marcos amarelos ao norte de Kirkenes, onde se pode brincar de ficar com um pé em cada país, mas um aviso: essa fronteira russa com a Noruega e Finlândia é sempre muito bem militarizada e complicada.
Voltando para Noruega, com muita Aurora Boreal
Hora de começar o caminho de volta! Para marcar essa viagem com a cereja do bolo, decidimos retornar via Rovaniemi e Suécia…então pé na estrada.
Dormimos em cabanas de mineradores, almoçamos uma deliciosa costela de caça esquentada no fogo de lenha, dormimos no veículo mesmo e por fim chegamos à Suécia. Já na entrada do país a Aurora Boreal veio nos recepcionar! Dirigimos a noite toda com ela iluminando nosso caminho dentro do Parque Nacional de Abisko, onde se encontra um dos micro climas mais interessantes pra aurora.
Depois de Abisko, fomos até Narvik e de lá passamos pelas regiões dos Fjords Noruegueses que vou contar em outro post. Só para aguçar, estivemos em Lofoten e Senja,e foi incrível.
Agradeço especialmente ao Eduardo Moreira que compartilhou comigo momentos de rara beleza e emoção. No final da viagem, ele me pediu para ficar com a nossa bandeira do Brasil e para que eu marcasse nossos nomes na bandeira. Foi um final especial e um momento de gratidão entre ambos emocionante. #grato.