Expedição Aurora Boreal na Rússia Janeiro 2018
Nesta expedição passamos por vários lugares antes de chegar em nosso destino final, e ver a aurora boreal na Rússia. Não foi uma viagem fácil, pois a temperatura chegava à quase -20 ºC, mas nada que nos impedisse de encontrar, e visualizar nossa querida aurora, afinal esse sempre é nosso objetivo da viagem, presenciar, registrar e contemplar as Luzes do Norte.
Caçada para ver a aurora boreal na Rússia
A viagem para ver a aurora boreal na R犀利士
ússia já era algo que estava nos planos do Marco Brotto fazia um tempo, e como houve esta “brecha” no calendário das expedições neste primeiro semestre, ele não pensou duas vezes, e lá fomos nós, nos aventurar para montar uma expedição para a Rússia. Foi uma viagem de reconhecimento, então pesquisamos bastante antes, montamos nosso roteiro e seguimos para Murmansk, assim que nos despedimos do grupo da expedição de ano novo no aeroporto. Na verdade antes de chegar em Murmansk, já nas terras soviéticas, pousamos em Kirkenes na Noruega para dar uma “sondada” no local. Kirkenes recebe turistas de todos os lugares do mundo para ver a aurora boreal, e encontra-se no extremo nordeste do país. Iríamos permanecer na cidade algumas horas, e de lá pegar uma van e cruzar a fronteira terrestre até Murmansk.
Confesso que foram horas difíceis, a temperatura estava bem baixa, em torno dos -16ºC e -17ºC, acho até que vi marcando um -19ºC aquele dia no termômetro, mas enfim, a gente aguenta né? Tudo para ver a aurora boreal. Conhecemos vários lugares, nos informamos, coletamos informações ao redor e partimos pegar nossa van.
Até aqui já pudemos chegar à nossa primeira conclusão da viagem: os russos realmente não falam inglês, é gente, foi meio desafiador neste quesito, mas graças as nossas incríveis habilidades de comunicação, via “mistura” de línguas e sinais, no fim deu tudo certo. Eu diria que foi ali que iniciou nossa aventura. No caminho fomos percebendo a mudança de paisagens, e chegou uma hora que estava tudo tão escuro, que já não víamos mais nada do lado de fora da van, de repente lá estava ela, a mais temida de todas, a imigração. O processo para cruzar a fronteira Noruega – Rússia durou em média uma hora, mas vou poupar todos dos detalhes, resumindo, deu tudo certo! Foi divertido e mega interessante cruzar uma fronteira terrestre russa, todos a bordo da van novamente, e seguimos nosso destino.
No caminho, o motorista parou em uma lanchonete russa, nada mais era familiar, as pessoas e suas vestimentas, as comidas, os rótulos dos produtos. Parece que chegamos em Marte, tudo mudou. Noruega e Rússia, tão próximas e ao mesmo tempo tão distantes. Ah, o Marco já estava todo empolgado registrando em cada “click’’ as coisas legais que vimos. Fui me animando também, mesmo debaixo de 5 camadas de roupa mais uma coberta enrolando minha cabeça, logo chegamos em Murmansk.
Murmansk, a cidade fantasma, onde não encontramos nada sobre no Google, possui poucas fotos online, deixando uma impressão virtual que transmite um ar de “deixa se a desejar”, pois nos enganamos, a fachada da cidade já impressiona, assim que dobramos a primeira curva na chegada, muitas luzes, outdoors grandes e luminosos, placas brilhantes, tudo isso em meio a uma decoração natalina meio ocidental, meio asiática, meio européia e meio russa. Será que dá pra imaginar tudo isso? Eu e o Marco com certeza não imaginamos a cidade assim, é chegamos na Rússia!
Bom, chegamos, deu tudo certo, está tudo dando certo. Agora vamos ao que interessa, caçar a aurora boreal. O Marco já estava em contato com nosso guia, que iria sair conosco nas caçadas, teríamos poucas noites de caçada, mas uma boa margem de tempo, as nuvens não estavam cooperando muito, entretanto a atividade estaria melhor em um ou dois dias. Então neste primeiro momento concentramos nosso foco nas outras experiências que viemos conhecer, além da aurora boreal.
Fizemos muitas coisas e conhecemos vários lugares, nossa, se eu fosse falar detalhadamente aqui dos lugares maravilhosos que nós conhecemos daria quase um livro do senhor dos anéis. Então vou deixar vocês na imaginação, e só vou dizer meio por cima que as coisas que fizemos neste país são únicas. Já visitei o ártico muitas vezes, e a Lapônia Russa com certeza conquistou nossos corações. Nós ficamos encantados com cada lugar, cada ambiente, cada detalhe, até mesmo a atmosfera cinza da noite polar se tornou charmosa, tamanha a empolgação de imaginar levar grupos para lá. Eu e o Marco chegávamos a comentar quase sempre “nossa fulano vai amar aqui”, “isso aqui é a cara da ciclana”, porque íamos lembrando das pessoas que viajaram com a gente, e na mesma hora dava uma vontade de compartilhar com elas aqueles momentos que estávamos vivendo.
Na primeira noite que saímos caçar com nosso guia, estávamos voltando de uma cidade próxima a Murmansk, onde passamos o dia, e o Marco já conseguiu ver a aurora boreal no céu, mesmo com algumas nuvens ao redor, ela estava por ali mas o céu estava muito encoberto, abria, e de repente fechava, vimos um pouco de aurora mas ainda queríamos ver mais.
Mas tudo bem, no dia seguinte o céu estava mais limpo, então tivemos algumas opções de lugares para esperarmos a dama se manifestar,. De início nosso guia nos levou ao topo de um morro, na saída oeste da cidade, e lá de cima já pudemos contemplar o começo das luzes surgindo, foi bom para aquecer as câmeras do Marco, e algumas fotos já saíram. Seguimos a caçada para um cenário diferente, lago congelado, Lindo! Ali a aurora estava maravilhosa, muitos “clicks” do Marco Brotto, que estava soterrado na neve do lago fotografando, porém tinham mais pessoas lá, e o Marco lembrou que havíamos passado pela tundra no dia anterior. Então ele disse ao guia: “Vamos fotografar a aurora boreal na tundra?” e nosso guia respondeu animado: “Let’s go!”, seguimos conversando durante todo o caminho e conforme nos distanciamos a paisagem ia mudando.
De repente, nada mais ao redor, só um deserto de neve, sem plantinhas, sem árvores, só uns matos, umas pedras perdidas. É uma experiência inigualável, você se ver a noite em um lugar deserto, branco e rodeado de nada. A ausência de tudo acaba tornando o nada tão lindo. Descemos num local seguro e lá estava, acima da tundra, a dona aurora aparecendo, ficamos ali um bom tempo, depois descemos próximo a uma região com algumas casas de pescadores e um cenário bem diferente, bem russo, de um jeito que não dá pra explicar muito, só estando lá para ver.
Muita aurora colorida, chuvinha, arquinho, todas aquelas formas e cores, e enquanto o Marco fotografava, ficamos nós conversando, e tomando chá com docinhos, admirando a aurora lá longe, sem nenhuma alma viva por perto, nem carro passando, só o silêncio, a aurora e nós. Gostamos muito desta caçada, e com certeza estes lugares já estão na lista dos lugares para caçarmos nas próximas vezes com os grupos.
Ver a aurora boreal na Rússia, e tudo que envolve esta experiência, é mágico e digno de ser vivenciado. Entretanto é uma viagem um tanto difícil de se fazer sozinho, pois existe um fator limitante muito importante: a linguagem, que dificulta o contato e o acesso a várias experiências e pessoas. A cidade de Murmansk também é grande, e não é fácil alugar um veículo por lá, principalmente no inverno, por causa das nevascas. Com certeza o turismo na região norte da Rússia, deve ser feito de maneira segura e planejada, pois lá não é o tipo de lugar que você pode deixar pra “resolver algumas coisas depois”, então voltamos de lá felizes por termos feito tudo da maneira correta, para compartilhar da maneira mais segura esta viagem com os fãs da aurora boreal.