Aurora Boreal: mitos e lendas na história
Você sabia que podemos relacionar história, Aurora Boreal, mitos e lendas? Sim! A Aurora Boreal está presente na Terra desde sempre. As Luzes do Norte também são velhas conhecidas do homo através dos milênios, o que mudou foi a forma como vemos, adoramos e descrevemos a Aurora Boreal.
Durante esses anos nos encantamos e nos espantamos com a sua majestade e beleza. Ninguém que é abençoado com sua performance vai esquecer os momentos das suas danças. Mas ela é tão bela quanto misteriosa e, por isso, é cercada de mitos, que criaram todo um folclore ao redor do fenômeno. A Aurora Boreal conseguiu influenciar o curso da história, da religião e da arte. Acompanhe o post para conhecer essas histórias incríveis!
As luzes encantavam nossos ancestrais
Uma aparição frequentemente descrita pelos povos antigos fala da Aurora como um fenômeno que começa de uma forma progressiva e cresce com o passar da noite. Bom, isso é o que também vemos. Quando estou em campo para uma caçada à Aurora, foco primeiro na visualização de um ou mais arcos no horizonte. Algumas agulhas também podem aparecer um pouco além e alguns sinais surgem no céu.
Esses arcos, quando em movimento, tem algumas dezenas de quilômetros de altura, mas parecem minúsculos. Nesse momento, preciso, junto com o staff, decidir qual será nossa dinâmica para termos a melhor aurora possível. Se a Aurora Boreal nesse momento tem quilômetros de altura, pode ter também milhares de quilômetros de comprimento, podendo ser uma oval por todo comprimento da terra.
Essas visões os nossos ancestrais tiveram desde sempre, mas com o céu mais limpo e com muito mais mistério do que existe hoje. Você consegue imaginar o poder do conhecimento que alguns tinham na Antiguidade quando o assunto era Aurora Boreal, mitos e histórias?
A Bíblia também tem passagens sobre as Luzes do Norte
Desde 30.000 antes de Cristo existem representações pré-históricas de Auroras Boreais, relatos de chineses, pinturas rupestres de Cro-Magnon e de aborígenes. São as representações mais antigas das Luzes do Norte.
Os dragões alados da Suméria, Babilônia, Japão, Coreia, Grécia, Pérsia, Índia, Filipinas, Polônia, em suas diversas descrições, são uma maneira de demonstrar e ilustrar a beleza, o poder, o temor e a magnitude das Luzes do Norte. Nos instrumentos musicais dos Samis também é possível encontrar ilustrações com as luzes da Aurora Boreal, mas, nesse caso, de maneira mais sutil.
No livro Apocalipse, da Bíblia, Ap 12.3-4, temos a seguinte citação.
“Outro sinal foi visto no céu: um enorme dragão vermelho com sete cabeças, dez chifres e sete coroas nas cabeças. Com a cauda, arrastou um terço das estrelas do céu e as lançou na Terra. E, quando a mulher estava para dar à luz, o dragão parou diante dela, pronto para devorar a criança tão logo ela nascesse.“
O dragão, aqui, é a Aurora Boreal.
Aristóteles (322 a.C.–384 a.C.), aluno de Platão, descreveu a Aurora como “poderosa, fogosas tochas incandescentes e fachos luminosos com lanças de fogo como bodes pulando pelo céu todo”.
E tem mais.
No Ano de 37 a.C. os habitantes de Roma ficaram perplexos com o céu pegando fogo. O imperador Tiberious imaginou que a cidade portuária de Ostia Antica, banhada pelo rio Tiber, que corta Roma, estivesse em chamas e enviou soldados em marcha acelerada para salvar os cidadãos.
A Aurora vista como bênção
Outra história refere-se aos Vikings, em meados de 800 a.C.. Durante as viagens marítimas e as caminhadas até a terra dos Sami, na Lapônia, a Aurora também dava o ar da graça.
Nesse caso, ao contrário de muitos que se sentiam assustados, os Vikings achavam que a Aurora Boreal era uma bênção. Eles acreditavam que cada homem que morresse em batalha seria contemplado com uma nova vida em Asgard, o lar dos deuses, onde vivia e reinava Odin.
Para esses povos, as luzes eram Bilfrost, uma trêmula, cintilante e colorida ponte que os levava ao mundo dos deuses. Os mortos seriam resgatados por Valkírias, as doze servas de Odin, e viriam equipadas com armaduras brilhantes. Hoje, sabemos que essas crenças referem-se à Aurora Boreal.
Outra interpretação Viking era a de que as luzes eram o esplendor de Freya — a linda deusa da guerra, amor e morte — quando ela passava pelos céus com sua carruagem.
A Aurora já foi sinônimo de tragédia
Os finlandeses acreditam que a Aurora Boreal é a a calda da “Raposa Gigante” do inverno ou que as luzes no céu são jatos de água de baleias gigantes brincando nos fiordes distantes. Os suecos, por sua vez, pensavam que a Aurora Boreal era um cardume de arenques gigantescos sendo refletidos nos mares.
Em razão de perspectivas, na Europa Central é possível ver cores avermelhadas por cima da verde, o que fazia com que ela fosse interpretada como um sinal de guerra e morte ou tragédias.
Inuits costumavam crer que as auroras eram almas de crianças correndo atrás das cabeças de morsas, como em uma brincadeira de bola. Também pensavam que, se uma grávida, por exemplo, testemunhasse o fenômeno, as crianças nasciam mortas. Outra versão diz que o vermelho do céu eram os suicidas ou as luzes dos demônios perseguindo as almas durante a noite.
É importante lembrar que as lendas são formas que as pessoas encontram para dominar, proteger ou subjugar os mais frágeis por meio das histórias. Ao alertar um idoso dos perigos, por exemplo, evitavam que ele saísse pelas noites frias e escuras do inverno.
Os Chukchis, indígenas que viviam ao norte da Sibéria, também tinham suas versões. Para eles, cada alma dos seus ancestrais estavam posicionadas na Aurora Boreal de acordo com o seu destino. Os mortos por doenças ficavam nas áreas mais brilhantes; os assassinados ficavam na parte das luzes vermelhas e os suicidadas deveriam ficar nos pontos escuros.
Tive contato com vários anciões indígenas da região ártica, como das tribos Sami e Inuit. Eles creem, até hoje, que escutam os sons da Aurora Boreal. Eu tive a oportunidade de escutar os ruídos por meio dos equipamentos que me foram apresentados.
A Aurora Boreal, mitos e outras lendas ao redor
- Semanas antes da invasão da Bastilha, na França, em 14 de julho de 1789, o povo da Inglaterra e Escócia testemunharam uma grande Aurora vermelha dançar sobre os céus. A interpretação foi a de o “mar de sangue” avisava que o fato aconteceria.
- A tempestade solar de 1859, também conhecida como Evento Carrington, foi uma inacreditável tempestade solar eletromagnética ocorrida em 1859, durante o auge do ciclo solar. A ejeção de massa coronal solar flutuou sobre o campo magnético, rompeu em diversos lugares e atingiu a magnetosfera da Terra, produzindo talvez a mais poderosa tempestade Magnética do mundo moderno.
- Na Escócia, as Luzes do Norte eram descritas como “luzes dançantes felizes”, mesmo que a maioria dos habitantes as vissem como anjos caindo.
- Na Islândia era dito que mulheres grávidas que olhassem para as luzes poderiam dar à luz crianças vesgas. Ali e na Sibéria também diziam que as mulheres que dessem a luz embaixo da Aurora seriam poupadas das piores dores do parto.
- Os pássaros e alguns animais utilizam os polos magnéticos para se localizar e migrar. Os cientistas acreditam que a forte atividade da Aurora pode interferir no rito natural de algumas espécies animais. Aves podem viajar fora de curso e baleias acabariam encalhadas em lugares onde normalmente não apareceriam.
A verdade sobre a Aurora
Para muitos, o misticismo em torno das Northern Lights é ultrapassado e que elas são somente de fenômeno físico e químico.
Não é bem assim.
Como explicar as auroras boreais deixando os mitos de lado? Depois de viajar centenas de milhares de quilômetros para ver a Aurora Boreal, sou firme em dizer que existe uma energia mágica em tudo isso.
Não é à toa que meu primeiro sentimento foi de medo, mas que logo depois caí aos pés da mais espetacular dama da noite e me apaixonei.
Quando estou com nossos grupos de caçadores de aurora e vemos as luzes brilhantes dançando no céu, eu sinto dragões, soldados, crianças, guerreiros e todas as outras crenças de forma que consigo explicar. Na presença da Aurora Boreal, mitos parecem realidade.
As cores em sua plenitude; azul, verde, púrpura, roxo, rosa. É a epifania. O ponto mais sublime e mágico a que podemos chegar de um universo paralelo e que nossa inteligência ainda não nos permite entender.
Não tem como explicar, não tem como esquecer e não tem como não se apaixonar.
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